segunda-feira, 1 de maio de 2017

A OUTRA FACE DE JERRY ADRIANI

Dei uma pausa nas publicações sobre os folhetins para comentar sobre o Jerry. Na época dele eu ainda era um bebê, embora a minha mãe fosse fã da Jovem Guarda, o seu preferido era o Roberto Carlos, portanto, eu não tinha muito contato com ouvir/saber de outros daquele clã.

Achei na minha coleção da antiga revista Intervalo algumas matérias interessantes sobre ele.
Nelas, descobrimos, dentre outras coisas, que ele esteve em inúmeras capas  em todo o Brasil durante décadas, mas na Intervalo, que ainda não era contaminada pelo padrão glamour de qualidade, - o que transforma artistas em celebridades perfeitas, lindas e maravilhosas, -  obtemos algumas curiosidades mais interessantes, justamente porque diferenciadas no enfoque.

Ele era descrito como um ídolo distinto dos outros da Jovem Guarda, - que gostavam de colecionar carrões (como Os Mutantes ironizaram tão bem na canção Hey, boy). Ao ser indagado pelo repórter sobre "Até que ponto o sucesso pode alterar a vida de um jovem de 20 anos?" respondeu: "Se ele não tiver a cabeça no lugar, vai achar que tem o rei na barriga e dar uma de marciano, com mil palácios, carrões, jóias, camisas de ouro e sei lá o que mais." (Intervalo, nr 211, 22 a 28/1/1967, p. 5). 


A desconstrução não acabava aí. Em outra oportunidade, ele declarou que as revistas publicavam fotos dele nas quais aparecia tão bonito que quando algumas pessoas o viam pessoalmente, estranhavam: "Mas é isso que é o Jerry Adriani?"(Muito bom!😁😁😁😁)
Naquela época, eram os fãs que colocavam o artista no topo, haja carta para escrever votando e Correios para agradecerem...


Não basta ser cantor, uma dose de santo milagreiro também não faz mal a ninguém, e não duvido que a pequena fã da nota abaixo tenha melhorado, não é à toa que Rita Lee se autodeclarou Santa Rita de Sampa, pois de fato milagres acontecem na relação boa entre artistas e seu público, desde que não haja doença psiquiátrica (de ambas as partes), ou mesmo uso da imagem alheia (no caso, o fã confundir as estações e se achar amiguinho, usando do nome do astista famoso para subir na carreira...) misturado na história.

Naturalmente que, já maiorzinha, eu via Jerry na tv, nos Globos de Ouros, nos Fantásticos, nos Chacrinhas da vida, nos anos 70/80, quando o principal contato entre os suburbanos corações com alguma arte era mesmo através da telinhas em preto e branco e, depoisssssss, a cores, mas passava batido.

Fui rever Jerry nos anos 90, já professora de um Colégio famoso que existiu na Lapa, tinha sido um hotel, virou escola e atualmente é um hotel novamente, na Rua do Riachuelo, 124. Foi meu primeiro emprego decente, conseguido por minha irmã, com carteira assinada, lanche no intervalo, com direito a shows na época do aniversário. Os seus donos tinham a mania militar de comemorarem o Dia da Bandeira, o Dia da Independência, o Dia da República cantando o Hino e pedindo aos professores de Português redações dos alunos com os temas... O salário não era lá essas coisas, mas o ambiente sim, embora muito longe da minha casa, eu precisava pegar dois ônibus, sim, praticamente pagava para trabalhar. Foi no antigo Colégio da Mabe que me reencontrei com Jerry, mas não em uma tela de tv, de vez em quando ele aparecia por lá, pois era casado com Josi, uma das donas da escola. Bonitão!

Há poucos dias fomos todos avisados de sua morte... e também que, além ao lado de "bom rapaz" alimentado pela indústria cultural, Jerry tinha um outro bem rock'n roll, não só pelo vozeirão a la Elvis Presley e a la Renato Russo, mas também por ter praticamente descoberto e incentivado a carreira de Raul Seixas, ainda no grupo  Panteras...
Elvis Adriani não morreu!

Não sei se tinham conhecimento do fato, mas o nosso bom e velho Jerry cantou no Cavern Club e era admirado por um dos beatles... Tá bom para vocês? O post deveria se chamar As outras faces de Jerry Adriani! 

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog e pelas matérias publicadas. Nasci em 1960, em plena era do Rock, passei minha infância ouvindo os grandes ídolos dessa época, em seguida, A Jovem Guarda, A Bossa Nova e a A Tropicália. Adorei conhecer um pouca mais da vida do cantor Jerry Adriani, ele é um ícone da MPB, que assim como tantos outros, deixaram um legado na história da nossa música. Beijo grande!

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